24 outubro 2012

Educação proibida

 


Por Gisele Teixeira

Nem o último de Ricardo Darín, nem o novo Batman. Um dos filmes de maior recorde de público em Buenos Aires nas últimas semanas se chama A Educação Proibida, do diretor argentino Germán Doin.

Em pouco mais de duas semanas, foram 605 projeções independentes em cerca de 20 países, mais de 2,8 milhões de reproduções na web, 300 mil downloads e 55 mil fãs no Facebook (dados de domingo).
Tudo isso para um documentário de duas horas e meia sobre um tema que geralmente não dá grande bilheteria: a educação.
O diretor tem apenas 24 anos e o projeto foi todo financiado coletivamente por 704 pessoas que colocaram US$ 62.700 para viabilizar as mais de 90 entrevistas com educadores de oito países.
O filme mescla animação, dramatização com voz em off, entrevistas e uma história de ficção para questionar o atual sistema educativo no Ocidente. Criado há mais de 200 anos, mantém até hoje uma estrutura vertical, baseada na competição, divisão de idades, classes obrigatórias, currículos desvinculados da realidade e sistema de prêmios e castigos.
“Longe de responder às necessidades e desejos dos pequenos, a escola hoje é um estacionamento de crianças, onde elas ficam sendo adestradas até o momento de trabalhar. Se algum não se adapta ao sistema, fracassa. O que não se vê é que não é o estudante que fracassa, e sim o sistema que está mal pensado”, resume um dos entrevistados, o investigador chileno Carlos Muñoz.
O documentário também se propõe a discutir outros modelos de ensino – as experiências proibidas - como a logosofia, Montessori, Waldorf, Killpatrick e Paulo Freire, para citar alguns. Todos estão detalhados no site do filme, onde também se pode baixar o documentário ou vê-lo on line.
O diretor não defende nenhum método específico, somente pensar a educação retirando o professor e os conteúdos do centro da cena e colocando aí o aluno, com seus desejos e aptidões individuais. Esquecer a ideia de disciplina, autoridade e competência, e a substituir por respeito, liberdade e amor.
Em entrevistas ao jornal Página 12, Germán Doin afirma que tem duas teses para o sucesso do filme, uma pessimista e outra positiva. A primeira é que se trata de um fenômeno das redes sociais. A segunda, que há uma necessidade urgente de falar sobre educação.
No momento em que o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, instala um 0800 nas escolas públicas para denunciar atividades de cunho político entre os estudantes, não tenho a mínima dúvida sobre qual das duas opções está correta. O tema está na pauta. Por sorte. 
Fonte:
 http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/09/04/cartas-de-buenos-aires-educacao-proibida-463581.asp


4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Luiz!
Adorei ler estas linhas fundamentais para repensar o educar e o ato educativo em nossos educandarios.

EEB Profa Irene Stonoga
Chapecó

ELIZANE disse...

Muito interessante a postagem Luiz. Adorei!!!
Penso que a qualidade da Educação depende de ações que visem em primeiro lugar a qualificação dos profissionais da Educação e para que isso ocorra é necessário uma mobilização social neste sentido, é o caso que este filme parece instigar(pois só vi o trailer): a reflexão a respeito do rumo que a educação está tomando...

Luiz N. Vieira disse...

Olá EEB Profª Irene Stonoga - de Chapecó, é preciso repensar sempre nossa prática e também compreender o processo que nos envolve e movimenta essa esfera chamada "EDUCAÇÃO". Sabemos da importância de buscarmos clareza para que possamos estar sempre alinhados e preparados a desafios constantes!
Abraços e voltem sempre
Luiz

Luiz N. Vieira disse...

Olá Elizane!
Sua referencia inicial é pertinente, pois sabemos que não havendo investimento continuado nos profissionais da Educação,nada vai a lugar algum. É valioso seu pensamento! Gostei...
Você deve assistir na integra o vídeo, vale a pena.
Abraços
Luiz